Eu me considerava uma leitora voraz e inteligente até entrar na faculdade. Fiz jornalismo em um dos cursos mais conceituados do país nessa área e, com o sonho de escrever histórias incríveis, comecei as aulas acreditando que tinha tudo a meu favor.
Já que eu gostava muito de escrever, meus veteranos falaram que eu tinha que fazer de tudo para conseguir pegar a disciplina de Redação com esse professor legendário, que já dava aulas nessa instituição há décadas. Falavam sobre como ele era aterrorizante e genial na mesma medida e que ter aulas com ele ia mudar para sempre a forma como eu escrevia.
E assim eu fiz. Consegui a disciplina e, no primeiro dia de aula, cheguei na sala junto dos meus colegas calouros — porque, caso você não saiba, calouro é um bicho gregário, anda sempre em bando. Sentamos todos em círculo nas cadeiras de plástico dispostas em frente aos computadores antigos, encarando a grande mesa de madeira onde o professor já nos esperava.
Ele pediu para que cada pessoa se apresentasse falando o nome, de onde veio e qual tinha sido nossa última leitura. A Maju de 19 anos se apresentou animada, falando que vinha do interior de Santa Catarina e que a última leitura tinha sido Jogos Vorazes.
Eu tinha acabado de devorar a trilogia envolvente de fantasia e estava extasiada pela experiência de ler uma história tão intrigante, ritmada, apaixonante. Ele não compartilhou da mesma alegria ao ouvir. Fez cara de quem nunca tinha ouvido falar sobre o assunto e seguiu para o próximo. Uma outra colega tinha acabado de ler o mesmo livro que eu e, ao compartilhar, ouviu: esse é o tipo de coisa que vocês estão lendo, é? Hm…
Um pouco depois, outro aluno contou que tinha lido Adeus às Armas, do Hemingway. O professor olha pra mim, interrompendo o menino só para dizer: viu, baixinha? Isso é livro que vale a pena.
Esse mesmo professor falou que Ernest Hemingway tinha uma literatura de macho e Truman Capote, de viado — mas que as duas eram ótimas. Falou também que minha reportagem sobre a misoginia sofrida pela Dilma no processo do impeachment era irrelevante para um jornal universitário, que só os gays de universidade pública são tristes porque não superaram os anos 80 e que eu só não gostei de O Apanhador no Campo de Centeio porque “tem gente que não tem o que precisa para apreciar esse tipo de literatura”.
Eu queria poder abrir esse novo parágrafo dizendo que isso acendeu o fogo da ira dentro de mim. Que a cada absurdo que eu ouvia dele e de muitos outros homens na casa dos 60 que me formaram em Jornalismo, mais distante eu me colocava desse ideal masculino de intelectualidade. Mas a verdade é que isso prendeu pelo menos 10 anos da minha relação com a literatura — e por consequência, com a escrita.
Teria sido revelador ler lá em 2013 essa explicação da novelista Anne Enright sobre os pesos tremendamente diferentes com o qual olhamos para a literatura a partir do gênero de quem a escreve:
Se um homem escreve ‘The cat sat on the mat’ nós admiramos a economia na sua prosa; se uma mulher faz o mesmo, achamos banal. Se um homem escreve ‘The cat sat on the mat’ nós somos levados pela simplicidade estrutural da frase, sua dureza e precisão. Nós entendemos a conexão entre “cat” e “mat”, sentimos a graciosidade do animal, admiramos a forma admiramos a maneira como as monossílabas percussivas afinam a geometria do ‘mat’ abaixo. Essa é uma frase muito verdadeira, muito real (olha para esses substantivos!) contendo o masculino ‘mat’ e o feminino ‘cat'. De alguma forma, Isso Diz Tudo. Mas, se uma mulher escreve ‘The cat sat on the mat’ as preocupações dela são claramente domésticas, e um pouco limitantes, não?
Infelizmente, não cruzei com nenhum pensamento parecido na época. Não por acaso, me formei em Jornalismo em 2016 e só tive coragem de colocar palavras numa página em branco novamente em 2023. Durante a faculdade e muitos anos depois disso, eu vivi sob uma régua muito elevada do que era digno de ser lido e escrito. Gabaritei uma longa lista de indicações de escritores renomados.
Mesmo anos depois de sair da faculdade, com o mundo caindo sobre as nossas cabeças em plena pandemia-caos-político-interno-mundial, eu continuava presa a leituras densas, que me angustiavam e ao mesmo tempo me davam em troca um senso de superioridade intelectual ao qual eu me agarrei.
Conhecer a fundo assuntos sérios e conseguir listar leituras que meus amigos sequer conheciam — e palestrar em uma mesa de bar sobre elas com eloquência — virou um traço profundo da minha personalidade.
Mas e aí como fica essa personagem que eu criei quando ela decide despretensiosamente ler um romance-fantasia de fadas com muita guerra, disputa de poder e longas cenas de putaria? Especialmente quando essa experiência resulta em meses de obsessão com uma saga de milhares de páginas, lidas entre risos, gritinhos de emoção e madrugada a dentro com um Kindle na mão?
Um fenômeno capaz de unir todas as tribos
Foi essa minha experiência desde os primeiros capítulos de A Corte de Espinhos e Rosas — conhecida pela sigla em inglês ACOTAR, que é como eu vou me referir à saga como um todo daqui pra frente. Comecei a ler sem saber muito da história e só dei uma chance porque foi indicação de uma amiga com gosto para livros bastante parecido com o meu.
Quem conta a história da saga é a protagonista Feyre Archeron. Ela é de uma família que já foi nobre, mas perdeu tudo e se afundou na pobreza. Com uma irmã mais velha que não aceita a mudança de classe e uma delicada irmã mais nova, é responsabilidade de Feyre sair do chalé modesto que elas vivem para caçar na floresta e garantir a comida na mesa.
Luto, trauma e saúde mental atravessam a vida não só desse núcleo, mas de boa parte dos personagens que aparecem ao longo de toda a saga. São esses temas também um fio condutor interessante para a narrativa dos 5 livros, ambientada em um universo bastante complexo de magia e disputa política por territórios.
Isso porque a história se desenrola num mundo pós-guerra, um tratado dividiu o território em dois por uma muralha: de um lado, o encantador reino feérico de Prythian; do outro, uma terra comum empobrecida, devastada pela guerra, sem magia, mas cheia de lendas míticas sobre o que acontece com quem cruza essa fronteira.
Esse mesmo tratado envolve também um acordo de não-violência entre os povos — e Feyre rompe com isso ao matar um lobo sem saber que era um féerico transfigurado. Como punição, ela é levada para Prythian para servir uma das cortes do reino. Essa corte é a Corte Primaveril, governada por Tamlin, um homem permanentemente mascarado — assim como toda sua corte, amaldiçoada com esse adereço por uma magia antiga.
💡 Até aqui não dei nenhum spoiler sobre a saga — tudo isso está minimamente presente na sinopse do livro. Mas aqui eu vou adentrar um pouco mais na história e, se você é uma pessoa que prefere ler totalmente sem informações, talvez faça mais sentido você pular para as indicações no final da edição. Não acho que vou falar nada que vai impactar negativamente a experiência de ler, viu? Mas tá avisada!
Daqui para frente, a comparação com A Bela e a Fera é inevitável. Com certeza o livro bebe longos goles dessa fonte e o faz com a devida atualização para os tempos atuais. Feyre está muito mais preocupada com a família que deixou para trás do que com libertar Tamlin da maldição, mas é genuinamente curiosa sobre como ele e toda sua comunidade foi transformada. Ela aceita os termos de morar no palácio, mas nunca de bom grado. Ela parece ser a primeira pessoa a questionar o absurdo de existir um lugar com tantos recursos financeiros vizinho à miséria. Mas ela, eventualmente, se apaixona. Ele também. Temos um tradicional romance.
O que definitivamente não pode ser conectado à história clássica é a quantidade de cenas de sexo detalhadas com as quais a gente é presenteada a partir daqui.
Afinal, ela tem 20 anos nesse ponto da história. Eu não sei vocês, mas com essa idade eu também tinha uma facilidade impressionante de me apaixonar mesmo nos meus momentos mais baixos e uma vida sexual bem movimentada. Eu queria questionar o mundo e transar no banheiro do bar. Queria apontar as incoerências do mundo ao meu redor e falar putaria com as minhas melhores amigas. Queria ser cortejada e sentir prazer. Viver aventuras e amores na mesma intensidade.

Sarah J Maas, autora da saga, com certeza não é a primeira a experimentar essa mistura de fantasia e sexo. Mas tem elementos importantes para isso ter funcionado tão bem em ACOTAR: a relevância dada para o prazer feminino, a abertura emocional como primeiro passo para uma vida íntima de entrega verdadeira, homens gentis e respeitosos na mesma medida que cheios de tesão, o desenvolvimento de personagem que gera conexão em outros momentos com quem está lendo.
Se até aqui, para ler uma história picante nós tivemos acesso às novelas que nossas mães compravam na banca de jornal ou então aos romances mais modernos que, mesmo quando escritos por mulheres, mantiveram uma lógica pobre de dominação masculina e submissão feminina (sim, estou falando de você, 50 tons de cinza), ACOTAR muda esse jogo.
Ou, se queríamos ler histórias épicas ambientadas em um mundo de fantasia, acessávamos clássicos da atualidade como O Senhor dos Anéis, onde o componente sexual (e simplesmente de existência substancial de mulheres) não existe.
Ou ainda, as Crônicas de Gelo e Fogo, onde as mulheres existem quase exclusivamente em três cenários: 1) o de puro objeto para satisfação sexual masculina; 2) a de mulher difícil e em algum nível desagradável, que vai pagar por isso de uma forma violenta e humilhante em algum momento; ou 3) as duas coisas juntas.
ACOTAR faz uma tentativa honesta de criar um universo de criaturas fantásticas, um cenário de guerra poderoso e uma narrativa sexual baseada em consentimento e prazer, sem tabus e sem ser excessivamente didática ao abordar esses componentes.
As personagens não têm vergonha de pensar em sexo com frequência, de ficar com tesão de ver um monte de homem gostoso treinando com espada, de viver intensamente o desejo de foder uma semana inteira como só duas pessoas apaixonadas que acabaram de começar uma relação são capazes de sentir.
Um artigo da Vulture sobre o fenômeno criado pela escritora Sarah J Maas explicita bem esse desejo antigo que é saciado página após página dessa longa saga:
Ler seus livros requer um canal direto para um eu mais jovem que ficaria acordado até tarde e dobraria as páginas de todas as partes sexy para mostrar aos amigos no dia seguinte na escola. Requer o abandono da mente ironizada — enquanto alguma parte suave e terna de você passa página após página de descrições de uma heroína atrevida que é a única que pode resgatar seu senhor feérico sombrio.
E por mais que a putaria seja um dos pontos mais comentados da série, ela carrega outros méritos.
Mergulhar nessa história é sobre conhecer mulheres fortes e não só de um jeito que a gente facilmente admira — mas às vezes de um jeito irritante também. É desdobrar camadas escondidas por vergonha e medo sobre relações familiares, especialmente naquelas famílias que não nasceram com a gente, mas que a gente escolheu ao longo da vida.
É também sobre conhecer personagens que dá vontade de ser amiga de verdade, porque são perfeitamente imperfeitos — o tipo de manifestação de conforto de ser quem se é, que eu mesma desejo profundamente.
Os personagens são leais, mas protetores demais em alguns momentos. Irmãos, a ponto de serem metidos demais na vida um do outro. Cuidadosos, às vezes a ponto de ignorar histórias traumáticas com medo do que poder vir à superfície. Divertidos e espontâneos, mas que cruzam limites importantes e precisam pedir desculpas depois.
Mas tem sim muita coisa que é necessário passar por cima para curtir essa leitura. Os livros são extensos, numa média de 900 páginas cada — e ainda assim algumas pontas soltas ficam no caminho. A construção do universo é frágil — a magia resolve problemas inimagináveis daqueles corpos tão diversos biologicamente, mas é incapaz de lidar com coisas simples. Personagens fazem revelações que não parecem levar a lugar algum.
Talvez não fique nada intelectualmente memorável ao ler ACOTAR, mas dá para ficar com um gostinho muito doce depois de cair de boca em um mundo tão deliciosamente construído justamente para isso: ser saboreado.
Nos melhores momentos da saga, a culminação de algum par sexual desejado chega pouco antes da batalha final, e então esses livros adquirem uma qualidade anestésica deliciosa, acompanhada por uma aceitação vazia e absorvida. O trabalho de Maas toca algo profundamente. Ele promete amor verdadeiro, remixando arquétipos de contos de fadas em relacionamentos com contornos contemporâneos. Ele se concentra em famílias encontradas e retrata mulheres enfrentando estresse profundo e superando-o.
Mas essa é a profundidade de crítica que a gente vai encontrar sobre ACOTAR. O motivo? Tem bem pouca gente interessada em discutir e elevar a literatura escrita por mulheres.
O preço alto de ser considerado literatura feminina
Eu não vou me aprofundar no impacto do Tiktok e do movimento literário na plataforma no nosso jeito de consumir literatura. Tem gente falando sobre isso de formas mais interessantes por aí.
Mas é preciso aceitar que as redes sociais ocuparam um vácuo deixado pelo próprio mercado literário, em especial à crítica especializada. E, como de costume, de forma ainda mais profunda quando se trata de livros escritos por mulheres. Essas, diferente dos pares masculinos da profissão, com liberdade para serem escritores de todo tipo de gênero, foram relegadas a uma única categoria: literatura feminina.
Alguns números ajudam a entender esse cenário de forma mais concreta: uma pesquisa de 2018 estudou o preço de 2 milhões de livros e descobriu que obras assinadas por mulheres tem um preço 50% menor. Esse número varia um pouco em alguns gêneros, mas mesmo nos considerados “tipicamente femininos” como romance e fantasia, a balança continua desequilibrada para o nosso lado.
Os livros escritos por mulheres representam menos de 40% dos livros criticados por especialistas nas principais revistas literárias do mundo. O que, sem dúvida, influencia no número de homens interessados no que escrevemos: um estudo ainda mais recente, de 2021, constatou que enquanto o público leitor dos dez autores masculinos mais vendidos era bastante equilibrado entre os gêneros — 55% homens e 45% mulheres. Quando se tratava das dez autoras mais vendidas, os homens representavam apenas 19% de seu público leitor.
O que as mulheres escrevem não é considerado universal. Não é lido, não é criticado, não é indicado, não é bem pago. E nesse cenário, que alternativa resta a não ser criar para saciar um público sedento da internet — enquanto o mercado literário apressa essas escritoras para produzir o maior número de materiais, extraindo até a última gota (e o último centavo) de um hype, independente do quanto isso fere a qualidade final?
Num universo onde a crítica especializada perdeu espaço e o vazio deixado por elas foi ocupado por discursos-produto das redes sociais, não tem mais nuance sobre esse tipo de obra. Ou é a melhor experiência literária que 1 milhão de pessoas tiveram ou é um lixo e qualquer pessoa que gosta está presa a um julgamento moral sobre isso.
Era isso que aquele professor estava tentando me dizer. É isso que acontece quando sentimos que precisamos justificar uma leitura. Quando criamos categorias pejorativas como chick-lit para nos referirmos a livros que abordam a experiência feminina no mundo.
Mas eu me recuso a aceitar essa ideia.
Sally Roney, Jane Austen, Rachel Cusk, Conceição Evaristo, Toni Morrison, bell hooks, Margaret Atwood, Ursula Le Guin, Elena Ferrante, Clarice Lispector não escrevem literatura feminina. Escrevem literatura da mais genial. Escrevem. Ponto.
Sarah J. Maas, Taylor Jenkins Reid, Coco Mellors, Rebecca Yaros, Yulin Kuang, Abby Jimenez, não são “escritoras de Tiktok”. Não são literatura menor. São escritoras. Com trabalhos melhores, com trabalhos piores, com espaço para elevarem seus trabalhos, se houver as condições certas para isso.
Se tiverem a possibilidade de escrever um livro por anos, receberem críticas sérias e comprometidas com a evolução das autoras, se forem devidamente remuneradas e se tiverem um público diverso em experiências consumindo a perspectiva feminina em diferentes gêneros. Não presas a um nicho genérico e fabricado para confinar histórias.
Grace Paley disse que as mulheres sempre fizeram o favor aos homens de lerem e apoiarem a evolução dos seus trabalhos, mas os homens nunca retribuíram esse favor. Talvez seja hora de corresponder.
Outros links






Esse artigo foi o que conectou minhas inquietações ao ler ACOTAR a um cenário mais amplo. Recomendo muito a leitura (em inglês, mas a tradução funciona bem);
Agora que descobri o quanto fico animada lendo fantasia, engatei Quarta Asa assim que terminei ACOTAR. Tem dragões, tem protagonistas mulheres, tem matança e rebelião — tudo de bom;
Fui almoçar essa semana no May, restaurante tailandês aqui de Floripa que tem menu especial com entrada e prato principal por R$79. Um mimo no meio do trabalho que valeu cada centavo;
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Até a próxima!
Me identifiquei com tantos momentos desse texto, Maju! Falando especificamente de livros, também era uma adolescente que amava ler. Eu tenho orgulho até hoje da minha prateleira lá em casa cheia de livros da Meg Cabot, tá?! Mas perdi totalmente meu vício na leitura por muito tempo por causa desse sentimento de que eu precisava ser mais ‘madura’ nas minhas escolhas literárias, e isso obviamente significava ignorar totalmente meu prazer em ler por puro entretenimento (ha). Parecia que se eu lesse qualquer coisa que não fosse considerada super intelectual, eu nunca seria inteligente o suficiente. Mas nos últimos anos venho redescobrindo meus hábitos de leitura e muito do que li e tenho lido cai bem nessa caixinha limitante que chamam ‘literatura feminina’. E se não fossem esses livros eu não teria recuperado essa paixão que eu sentia tanta falta.
E assim, AMÉM pra frase da Grace Paley que tu citou ali no final! Me lembrou de um livro do Sidney Sheldon que eu AMAVA e fui tentar reler recentemente mas não consegui – fui obrigada a parar depois de ter que ler a descrição física super objetificada de uma personagem feminina. Ninguém sentiu necessidade de chamar esse tipo de coisa de literatura masculina, né? Então certamente não há a menor necessidade de continuarem a limitar nossas perspectivas, de escritoras e/ou leitoras, a categorias pejorativas, como tu falou, que agem como uma pré-critica e um julgamento extra pelos quais histórias escritas por homens não estão sujeitas a passar.
Ah, e curto muito esse formato com recomendações de leitura que fazem links com reflexões mais profundas, então pode mandar mais!!
Literatura e literatura feminina, futebol e futebol feminino, vôlei e vôlei feminino... e assim segue.