Se eu tivesse um blog, escreveria sobre os 30 anos
Um inventário de aconchegos para atravessar o desconhecido

Nessa quarta-feira eu fiz 30 anos. Depois de bastante tempo certa de que nenhuma crise de idade viria, um luto enorme por tudo que foram os meus vinte — mas talvez mais ainda pelo que eles não foram — chegou com tudo.
Entre nostalgia e paranóias, o que mais mexeu comigo foi essa sensação de que eu tenho bem menos respostas do que eu achava que teria com essa idade.
Por mais que a referência das outras gerações de ter uma vida toda estabelecida — casa, carreira, filhos — não seja uma preocupação aqui, achava que teria muita clareza do que eu gosto. Qual música, qual banda, qual poesia, qual filme, qual rolê, qual viagem. E a realidade é bem diferente: eu nunca tive tantos “não sei” em mim.
Depois de muitos desabafos e crises de choro inesperadas (e conversas na terapia, é claro), tenho ficado um pouco mais em paz com essa sensação. Uma fase nova, em aberto, com inúmeras caminhos pra explorar, também traz alegria, afinal.
Mas para além disso, tenho ativamente lembrado que existe uma base que me dá conforto. Que me acalenta nos desafios para garantir que eu envergue, mas nunca quebre. Um inventário de aconchegos, pra me inspirar nos inventários que a
e a mandaram nas últimas semanas.Inventário de aconchegos
Os 5 minutos extra de conchinha de manhã antes de sair da cama;
A xícara de chá com gengibre e limão depois de um refeição pesada;
O jeitinho que meu cachorro pula no sofá e se ajeita no meu colo;
Uma cumbuca de mingau de flocos de arroz fumegante com tahine, mel e banana;
Caminhar com meus cachorros de manhã quando o sol já está esquentando a pele, mas tem uma brisa fresquinha junto;
Puxar a coberta pesada até o pescoço assim que eu deito quando está frio;
Receber mensagem das minhas amigas quando eu publico um texto aqui;
Assistir Masterchef comendo meu sushi favorito;
Sentir o suor pingando no tapete durante uma prática de yoga;
Conseguir entrar em um asana que eu nunca tinha conseguido até então;
Dar o último passo de uma longa subida numa trilha;
A sensação da água do mar muito gelada na minha pele muito quente;
Começar uma série nova e gostar de cara, já emendando alguns episódios;
Quando alguém fala que começou a assistir, ler, ouvir alguma coisa porque eu indiquei — e estão adorando;
Tomar um banho bem quente e cheiroso depois de limpar minha casa e contemplar essa limpeza generalizada;
A sensação que fica depois de tirar vários lixinhos da mochila, bolsa ou gaveta do escritório;
Chorar em uma exposição de arte;
A certeza de que todo dia de manhã minhas gatas vão me acordar antes das 7h pedindo comida e que, quando eu passar no corredor, elas vão dar cabeçadinhas em mim;
Escolher uma música para tocar no carro e perceber que era exatamente isso que você queria ouvir;
Cantar ridiculamente alto no carro um álbum antigo com a minha companheira;
A excitação daqueles primeiros minutos conhecendo uma cidade nova;
Colher uma fruta do pé pra comer e ela estar especialmente docinha;
Ler um livro muito bom, sentada num café na cadeira mais confortável, dando golinhos num café muito quente.
Meu sonho é viver do que eu escrevo e essa newsletter é o meu primeiro passo. Se você gosta do que eu envio para você, considera fazer uma contribuição — agora com opção anual com descontinho amigo. :)
Até a próxima!
PS: vou adorar saber o que são aconchegos que te apoiam quando a vida te desafia. Pode mandar um comentário no Substack ou responder esse e-mail. ♥
Ai adorei esse inventário!
Que lista linda! Amei